DESENGAÑOS DE LA CORTE, Y MUGERES VALEROSAS. COMPVESTO POR VN
AVTOR MODERNO, POCA EXPERIENCIA, Y GRANDE ZELO.
[S.L.]: [s.n.], [1664]
192 mm
78 p. [i.e., 60] p.; Encadernação em pergaminho. Tarjas xilogravadas no rosto e início do
texto, grande vinheta ornamental xilogravada na última página de texto.
Erro de paginação (da página 56 salta para a 75).
Encadernação com três pequenos furos na lombada e alguns pingos antigos nos
planos. Miolo aparado, comprometendo ocasionalmente os números da paginação.
Oxidação de mancha de água no pé das folhas, não afectando o texto. Inscrição antiga,
em castelhano, manuscrita com caligrafia cuidada, atribuindo o livro à condessa de
Escalante (“este libro es de la Condesa de Escalan[...]”).
€ 10000.00
Add to basketMaria de Guevara Manrique (condessa de Escalante e de Tahalu) foi uma aristocrata
e escritora que viveu no Século de Ouro das Letras espanholas. Escreveu seis textos,
tendo-se iniciado com a composição do “Memorial de la Casa de Escalante y servicios de
ella, al Rey nuestro Señor”, impresso em 1654 e motivado por uma visita da Família Real
à sua propriedade, no decurso de uma viagem régia. Um ano depois, dirigiu a Filipe IV
de Espanha o “Tratado y advertencias hechas por una mujer celosa del bien de su rey y
corrida de parte de España”.
Porque o seu terceiro marido, D. Andrés Velásquez de Velasco, tinha sido feito prisioneiro
na guerra do Ameixial, Maria de Guevara expressou uma opinião política sobre a Guerra
da Restauração e uma crítica aos portugueses, tendo incentivado Filipe IV a apoiar
militarmente o seu bastardo, D. João, na conquista de Portugal: “para ganar a Lisboa es
necessario ir por mar y por tierra”.
Foi, no entanto, em 1664 que publicou aquele que é considerado um dos primeiros
discursos femininos da literatura espanhola: “Desengaños de la corte, y mugeres
valerosas”. As características feministas do texto denotam comprometimento político e a
crítica ao rei do que “seguramente pocos hombres se atrevian a decirle”.
Os seus dois primeiros textos reforçam a construção de uma figura pública, baseados na
longa linhagem familiar e no poder que permitiram a uma mulher dirigir-se directamente
a um monarca (situação particularmente invulgar, à época). Embora tenha publicado
o seu livro da forma mais anónima possível, para garantir a licença de publicação, terá
autografado os exemplares com a inscrição “este libro hiço la Condesa de Escalante, año de
1664” (Isabel Barbeito, 2007).
Nunca escondendo o seu género ou o ponto de vista de uma mulher, Guevara opõe-se à
educação e papel social da mulher, posiciona a sua opinião em temáticas sociais, o direito
a trabalhar independentemente da classe a que se pertence, mas também em relação aos
assuntos políticos.
Nesta obra, a condessa de Escalante expõe publicamente a sua visão particular e informada
sobre a situação em que se encontra a monarquia, aperfeiçoando a retórica de defesa e
ataque, jogando com as naturezas da lógica e do emocional, que já havia testado no seu
“Tratado de advertencias”, numa dinâmica de ataque e de defesa (cf. Romero-Diaz, 2007).
Único exemplar conhecido: Biblioteca Nacional de España.
€ 10000.00
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